Uma cidade do interior como muitas outras. Na única escola havia uma só classe de alunos e uma única professora. As crianças, de variadas idades, eram amadas por ela e com carinho acolhidas todos os dias para as horas de ensino. Para aquela mestra, cada menino e menina era uma criatura especial. Quando chegou o dia do professor os alunos desejavam lhe dizer que também a amavam muito e lhe levaram presentes. Agitadas, cada uma delas desejava entregar antes a sua dádiva. Os filhos do dono da chácara próxima, trouxeram uma cesta de frutos. Cada um mais bonito e cheiroso que o outro. Os filhos do dono da granja trouxeram uma boa quantidade de ovos. A filha da cozinheira do restaurante trouxe um bonito bolo de cenoura, com cobertura de chocolate. Os três irmãos que viviam na fazenda lhe trouxeram um pequeno animal, um cabritinho. A cada um, emocionada, ela abraçava e agradecia. Por fim, o menino-índio, o único índio na escola, lhe deu uma concha. Ela ficou encantada com a beleza da concha e, recordando seus próprios tempos de infância, colocou-a no ouvido para escutar o barulho do mar. Ficou embevecida. Pela sua mente passaram as cenas dos dias em que, criança, brincava na areia, molhava os pés nas ondas que morriam na praia, fazia castelos e fortalezas. Quando foi abraçar o menino, reparou que suas pernas e pés estavam empoeiradas, que a unha do dedão estava quebrada e que seu short estava sujo. A camisa estava molhada de suor. Braços e mãos estavam imundos. Em seu rostinho suado os olhos faiscavam de alegria, percebendo o encanto da professora com a concha. Foi no confronto com esses olhos que ela se deu conta de que a praia mais próxima estava a três horas de caminhada. Considerando a volta, isso significava seis horas de caminhada ininterrupta. E perguntou ao menino: - Mas você foi buscar essa concha para mim tão longe? Sorrindo ainda, ele respondeu: - A caminhada faz parte do presente. “O amor é a única coisa que cresce a medida que se reparte. |
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
O presente mais especial
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